Salvador Dali |
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
‑ Perdida voz que de entre as mais se exila,
‑ Festões de som dissimulando a hora.
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora...
Camilo Pessanha, "Clepsidra"
4 comentários:
Obrigada. É um dos meus poemas preferidos e um dos poetas de que gosto! Obrigada pelo seu cometário no meu post. Bom fim de semana, Rosa Brava (bem, tive de pensar logo no conto do Régio...)
Camilo Pessanha. É tão bom relê-lo!
Uma boa semana.
Um grande beijo, minha Amiga.
Obrigada, Maria João pela presença e palavras. E pensou muito bem... uma bela história essa...
Um abraço
Obrigada, minha querida Amiga.
Ainda bem que gosta da minha escolha. Diz-me muito este poema.
Um grande beijo também para si e uma excelente semana.
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