sábado, 12 de maio de 2007

O Amor e o Tempo


Tomas del Amo

Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.

– «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
– «Por que voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» – Nesse momento.

Volta-se o Amor e diz com azedume:
– «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!»

(António Feijó in "Sol de Inverno")

10 comentários:

Graça Pires disse...

É bom Menina encontrar aqui António Feijó que anda tão esquecido. O poema é triste mas é lindíssimo. O tempo retira-nos tanta coisa... Um beijo.

Anónimo disse...

adoravel esta calma as imagens e a musica.apesar de não ser grande apreciador de poesia gosto de aqui estar escutando.
parabens por tua pagina
José Miguel

Paula Raposo disse...

O tempo sempre apressado ...

Anónimo disse...

Essa mulher que vês naquele barco
É moça e bela. As sobrancelhas pretas
Parecem, na elegância do seu arco
As antenas subtis das borboletas
Versos improvisados e rimas puras
Que ao som da sua flauta concebia,
Entre os astros e as nuvens nas alturas
Os sábios impassíveis comovia
– Flor esquecida, que tombou no lodo
Ninguém junto de mim, ousa parar…
E os que passam, afastam-se de todo
Sem um suave enternecido olhar…
Os arrozais na húmida campina
São mais felizes, são… E há quem, decerto
Quando os trigais florescem, imagina
Ver nos meus lábios o sorriso aberto
Se algum desconhecido viandante
Desprende a amarra do Batel das Flores
Pensa que leva um sonho fascinante
E somente conduz as minhas dores!

O Batel das Flores de António Feijó


Nem imaginas como gostei de ler aqui Feijó, um dos meus poetas preferidos.

Cmptos JN

Unknown disse...

Há imenso tempo que não lia nada de António Feijó!
Foi bom reler este grande poeta! Obrigada por este momento!

Beijinhos

Maria Clarinda disse...

Maravilha de poema do António Feijó , e como sempre acompanhado de uma imagem deliciosa.Jhs

maresia_mar disse...

Deixo-te um beijo neste dia magnifico... Bjhs e bom resto de semana

A.S. disse...

As tuas escolhas são sempre de muito bom gosto! Encontrar aqui A. Feijó é a confirmação da tua grande sensibilidade poética! Os poemas de Feijó, contam sempre uma história....


Um Beijoooo...

Alice Matos disse...

E o amor continua com essa terrível mania. Lindo poema! Bjs.

Anónimo disse...

Sempre a mesma sensibilidade, a mesma delicadeza de formas e de cores, a harmonia do verso, a sonoridade inefável da música, a busca constante do belo e da perfeição, características raras que tornam os teus blogs obrigatórios para inesquecíveis momentos de espiritualidade.

Bem hajas pelo muito que nos dás.
B'jinho
C:)