Pintura de Rob Hefferan
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Quantas últimas noites já por nós passaram?
Amanheceu. Do outro lado da cama, o lençol bem esticado
revela a falta de um corpo que o ocupasse. O teu.
O frio da manhã, que se pressente quente, eleva-se do teu
lado da cama, como fumo do cigarro que já acendeste, quando levo o café à cama
onde dormes desde o dia em que de mim o teu olhar fugiu, numa última noite em
que os nosso braços se tocaram numa despedida e noutros te albergastes,
indiferente à minha dor.
Voltaste, é certo.
Acompanhado da doença que dorme contigo. E do cheiro da
outra que ainda pressinto no teu corpo.
Voltaste uma noite. Seria a última de Maio?
O olhar frio e triste pedia também o que os teus lábios
murmuraram… “Toma conta de mim… Não me abandones, por favor. Só a ti tenho…”
Já lá vai uma década.
Para mim, cada noite, é a última de Maio.
(31.Maio.2010 - Originalmente
escrito no Blogue Cleopatra Moon em resposta a um desafio
lançado para este tema)
8 comentários:
Olá...
Ainda às voltas com "essa" noite? Porquê? O tempo não funcionou? Há mesmo nostalgia ou só emoção literária?
A canção que está no meu blog é velhinha, como sabes, dos Righteous Brothers.
Beijo
Daniel
quantas noite perdidas...
beijo
Um texto fantástico...Uma miscelânea de amor e sentimentos de dor por traição. Algo que marcou profundo e não se quer apagar.....
Há tristeza e uma certa acomodação transformada em apoio.
Gostei
Obrigada pela visita e um bom domingo
Beijinho da Gota
A vida nos obriga a certas coisas. Ir, não ir, ficar com quem devíamos mandar ir... Mas olha, há vida lá fora.
beijos pitangueiros.
Querida
A dedicação, o Amor e a tolerância, suplantam as desilusões da última noite de um Maio que já não volta mais. Doeu, mas o Espírito está presente. O que mais contam são os actos.
Belo.
Beijos
SOL
Gosto muito dos teus textos poéticos, como sabes, mas os profundos sentimentos que deste se depreendem são de uma intensidade imensa.
O percurso programado e ansiado nem sempre é o que se nos apresenta. Assim é a vida....
Um bjinho e uma flor
Só uma Mulher com uma alma grande como a tua seria capaz de escrever esse texto, que sei sentido.
Bjo.
CF
Arrepia só de pensar na última! Para mim, não existe a última!
Maio vem já a seguir a um abraço.
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