sábado, 17 de julho de 2010

Muros...

Fotografia de Scarabuss


Às vezes sinto um nó apertar-me o peito e distraio-me da dor, olhando para lá do horizonte, onde o mar se junta ao céu e formam ondas de espuma com que lavo a minha alma de Menina adormecida nos braços da sua Mãe e assim quero permanecer.

Às vezes a dor é tão grande que sai do meu peito e flutua no ar até eu adormecer.

Às vezes o espanto da existência permanece em mim como que alertando-me que há mais vida para além daquilo que já vivi.

Às vezes recordo o tempo em que me doíam o silêncio, a ausência, a palavra-pedra, a grosseria com que a minha alma era ferida, até que um dia, deixou de doer.

Às vezes, mas só às vezes, recordo aquele dia em que, sem saberes, fui ao teu encontro e, na larga Avenida que me levaria a ti, passaste com outra ao lado e o sorriso dos teus olhos não foi a mim que envolveu.

Às vezes, recordo o muro de arame farpado que em mim se cravou, e a dor desse momento, para lembrar-me que não vou voltar a sofrer.

Às vezes, mas só às vezes, penso na beleza do sentimento que se perdeu…

4 comentários:

Graça Pires disse...

Às vezes magoa saber que a infância não volta mesmo que um fogo imenso nos devolva a inocência.
Um beijo, amiga.

Ana Sobral disse...

Deixo-te um grande kisss minha doce e terna amiguinha
ando por esse mundo com a mina gente mas estás sempre no seu pensamtop. kero-te feliz ouviste???
Bkssss da tua
Anita

A.S. disse...

Tenta olhar esse muro com outros olhos! Verás como poderá ser belo, erguer-se imponente até ás nuvens. De cores suaves, primaveris, limpido e transparente, onde ainda se vislumbra um olhar transbordando desejo...


BeijO
AL

Blogadinha disse...

Às vezes o amor; outras vezes o calendário - a vivência do momento já ninguém lha tira!

:))