domingo, 19 de novembro de 2006

Volúpia

Imagem de autor desconhecido

Era já tarde e tu continuavas
entre os meus braços trémulos, cansados...
E eu, sonolenta, já de olhos fechados,
bebia ainda os beijos que me davas!

Passaram horas!… Nossas bocas flavas,
Muito unidas, em haustos repousados,
Queimavam os meus sonhos macerados,
Como rescaldos de candentes lavas.

Veio a manhã e o sol, feroz, risonho,
entrou na minha alcova adormecida,
quebrando o lírio roxo do meu sonho...

Mas deslumbrou-se... e em rúbidos adejos
Ajoelhou-se... e numa luz vencida,
Sorveu…sorveu o mel dos nossos beijos!


(Poema de Judith Teixeira in ,
“ Madrugada” 1925)

Ouvir o poema na voz de Luís Gaspar 
(Desligar p.f. a música de fundo para ouvir o poema)

30 comentários:

Unknown disse...

Entrei e gostei de lindas poesias, num ambiente muito colorido.

Bom domingo

ZezinhoMota

Pitanga Doce disse...

Os poemas são lindos e as fotos...onde arranjas essas coisas, mulher?
beijos de um domingo alegre

o alquimista disse...

Passei por aqui e achei um encanto o teu espaço, volto se não te importares...

Licínia Quitério disse...

Votada por muito tempo ao esquecimento (apagamento?) está justamente a ser relembrada esta Poetisa singular e arrojada.

Bom gosto o teu, nas escolhas deste Refúgio.

Beijinho.

Impensamental disse...

Eu por acaso nasci no centro norte este, e tenho um atelier perto da fronteira espanhola…
E a próxima exposição até é lá em cima na estrela, na cidade da Covilhã a partir do 5 de Dezembro… grande abraço menina marota… beijinhos….

Anónimo disse...

Entrei para brincar, mas..

momentos unicos..entranhados

adorei..simplesmente, adorei..

(numa dimensão semelhante..talvez, num planetário..olhando o firmamento..sentindo, o abandonar voando..)
obrigado

intruso

Maria Carvalho disse...

Um bonito Poema!! Obrigada pelas palavras deixadas no meu cantinho. Beijos meus.

Anónimo disse...

Olá Menina,

Ouvi o poema declamado, sem dúvida muito belo. Tenho este livro de poemas da Judith Teixeira (é uma poeta espectacular) tem poemas lindos no livro que foi editado pela &etc - o livro tem chama-se Poemas.
Obrigado pela partilha de tão belas palavras.
Beijo e boa semana de trabalho

{{coral}}

Afrodite disse...

Como já aqui foi dito (penso que pela Licínia) Judith Teixeira foi uma pessoa singular e arrojada. Tal como António Botto, viu a sua obra ser apreendida ('Decadência'). A ela se referiam como imoral...

Uma escolha de qualidade, Menina.
Obrigada.

Elise disse...

Continua Rosa Brava!

Beijos!

Acácio Simões disse...

como sempre uma "embalagem de sonho" e um conteudo que infelizmente não sei apreciar..mau grado meu!!!
mas como sei que sou desculpado continuo a importunar-te ...

Paulo disse...

Excelente!!!!

Anónimo disse...

Que belo. Muito bonita para uma manhã de segunda...

Beijo grande e tenha uma ótima semana?

DB.

Peter disse...

Mea culpa. Não tenho visitado os blogs amigos pois andei numa de comentários pseudo-científicos (que dão trabalho a torná-los mais acessíveis).

Não conhecia esta poetisa. Gostei.

Boa semana

Maria Clarinda disse...

Absolutamente sem palavras, para este momento maravilhoso!
Parabéns aos dois.
Jinhos

José Pires F. disse...

Os meus parabéns pela iniciativa de divulgares poesia portuguesa.

E que agradável está este canto.

Um abraço.

Anónimo disse...

Tens efectivamente um excelente bom gosto nas tuas escolhas.
Beijinhos O.

Anónimo disse...

Pouco lembrada mas uma grande poetisa. Extrema sensualidade neste poema. **

maresia_mar disse...

Olá,
lindissimo este poema, mostra de facto o teu bom gosto. Bjhs

Clotilde S. disse...

Não conhecia este teu cantinho. Mas é a tua cara. Mais mulher, mais vibrante. parabéns amiga!

Spiritus Lupus disse...

Saudades de ti..


Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?

Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.

Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...


Fernando Pessoa, 7-1-1935.



Bjtos.

teresa g. disse...

Parabéns pelo sítio, está muito bonito!

Anónimo disse...

Lindo no papel, lindo na voz, lindo na imagem
bjs doces

Antonio stein disse...

... brava de rosa,sensível e saudosa,na poesia e na prosa,
esta marota,ainda Menina.

Beijo

Se Esta Flor tão bela e pura,
Que apenas uma hora dura,
Tem pintado no matiz
O que o seu perfume diz,
Por certo na linda Cor
Mostra um suspiro d'amor...

Almeida Garrett
[excerto de A Rosa-Um Suspiro
in Folhas Caídas]

Anónimo disse...

deixei-me envolver pela musica e sonhei tambem...

beijos

obrigada pela visita

Eric Blair disse...

o mel, nomeadamente...

Anónimo disse...

um poema plantado
por uma rosa abençoada
volupioso acompanhado
pela pessoa amada

bjs e um sorriso

Anónimo disse...

:) belo poem, doce, sensual, um adormecer lento no turpor da refrega :) Bjokas

Anónimo disse...

cá estou eu de novo a deliciar-me com as poesias aqui esposta. mil bjs

APC disse...

Estava eu a ler os comentários do post de 16 de Nov. do nosso João Marinheiro Ausente, quando dei pelo teu comentário. Foi o teu "deixei de escrever porque deixei de viver a minha alma" que me chamou a atenção (senti-o), que me fez responder-te lá e que me fez aqui vir, conhecer o teu canto. Adorei o poema e as imagens que escolhes revelam imenso bom gosto. Voltarei cá, para estudar o resto da lição.
Um abraço.