quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal



Natal

Um anjo imaginado
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: - É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.  

Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra e de incenso e oiro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quezilento,
Redemoinha e sai:

À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Miguel Torga in “Poesia Completa II”,a págs. 686

A TODOS DESEJO UM



3 comentários:

Delfim Peixoto disse...

Bom Natal.
Beijos.

DE-PROPOSITO disse...

Um poema de Natal próprio de uma determinada época. Hoje, a forma de o escrever seria totalmente diferente utilizando outra linguagem.

FELIZ NATAL

Tudo de bom por aí
Manuel

Graça Pires disse...

Sempre Torga com as palavras certas...
Espero que o seu Natal tenha sido bom e que o ano de 2015 seja um ano Melhor.
Beijo, minha amiga.