domingo, 27 de maio de 2007

ÊXTASE POÉTICO

Pintura de Gustav Klimt

Este texto é um levantar de véus…
Ando para escrevê-lo há muito…
Contudo, foi-se apoderando de mim um medo imenso de não ser capaz de transmitir o que sinto, de não saber mostrar que fazer amor pode ser um acto poético, tal como o êxtase pode ser um poema. Isto, porque quando se escreve, não é bem o que se faz mas sim o que se sente e se sonha.
Será que as palavras me vão sair fluentes?
(Será que o meu olhar vai alcançar o teu?)
(Será que as minhas mãos vão tocar as tuas, te vão tocar?)
As palavras serão apenas um meio para que possa ser escutado o que o meu olhar diz.
Porque é com o olhar que a grande festa começa.
Olhar, é já uma manifestação poética, como o são todas as manifestações da vida, sendo que a poesia é uma forma de estar vivo, e não apenas um aglomerado de símbolos numa folha de um livro ou de um pequeno caderno.
Olhar é penetrar o outro, é estabelecer essa corrente de conhecimento interior e vívido que o outro deseja deixar que se conheça, que o outro deixa que seja conhecido. Do qual, ambos desejam usufruir.
O olhar transforma-se e transforma-nos. As mãos encontram-se, passando a essência de um para o outro, desenhando-a em desenhos ousados nos corpos dos dois amantes.
À arte poética junta-se a pintura. E os corpos tornam-se telas impressionistas, difusas mas plenas de cor e de emoção.
Tudo resplandece à nossa volta.
Sonha-se a música.
Ela sai de nós em cada sussurro de amor, em cada gemido de prazer. E, em crescendo, acompanha a dança de dois corpos que se unem e se completam.
As mãos, imparáveis, tornam os gestos mais doces.
As carícias envolvem e fazem vibrar os corpos que se desejam.
E dois, em um se transformam.


E o poema, feito êxtase, ali está vivo e vivido

Helena Domingues in Orion

12 comentários:

Paula Raposo disse...

Concordo...um excelente texto. Beijos.

Anónimo disse...

Um texto lindo para uma imagem perfeita.
Me falaram neste local por causa da musica que estava tocando se esquecendo de me referir toda a mágica que está acontecendo aqui,
Abração em vc
JS

Graça Pires disse...

Olá Menina, belo texto da Helena Domingues,que tive muito gosto em ler. A poesia é vida, é uma forma de amor, é tudo o que quisermos que ela seja. Parabéns à autora.
Um beijo.

António Melenas disse...

Em exase foi feito e em extase li este poema.
Lindísssimo.
Obrigado, Menina por me etres camado a atenção para ele
Beijinhos.
E Parabésn à sutora

DE-PROPOSITO disse...

Olá.
Um texto falando de poesia. A poesia é poesia e quanto a mim, a poesia apenas se pode comparar à poesia. Através de um poema pode se pintar um quadro, ou através de um quadro pode se fazer um poema. Mas cada um é o que é.
E não podemos dizer que a destruição é poesia.
fica bem.
Felicidades.
Manuel

Anónimo disse...

Olá Linda, bom dia!
Gostei imenso do texto; muito mesmo!
Parabéns, a ti e à autora, por ele e por o dividirem connosco.
E como sempre, parabéns pela música. O teu bom gosto continua e atravessa todas as postagens em todos os teus Blogs.
Beijos linda.
Maria Mamede

Maria Clarinda disse...

Sem sombra de dúvida o olhar é essencial para todos os afectos.
Lindo!

Memória transparente disse...

Lindo!

Boa semana.

Memória transparente disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Querida marota,
Não posso esquecer o teu gesto por postares este meu texto.
É a tua maneira de partilhares aquilo de que gostas.
Também não posso deixar de mencionar e agradecer os comentários de quem te visito.
Um beijinho para ti e para quem me comentou
Nucha

Paulo disse...

Excelente!

Posso fazer um pedido? Pode enviar-me a música deste blog?
Obrigado
Paulo

Paulo disse...

A poesia é a «sombra» dos poetas. Muitas vezes, essa «sombra», num abraço Universal, transporta-nos para além do arco-íres, lá...onde a rossonâcia dos instantes faz do silêncio um «grito». Há, todavia, «desertos longos» onde só mesmo a poesia norteia o compasso dos dias....Esse deserto, que alguns chamam «virtual», não tem cheiros nem rostos familiares. Há, por isso, que presumir, imaginar, criar e representar mentalmente. No outro lado, algures numa "auto-estrada" do virtual nada, realmente, é o que imaginamos...Assim,por vezes, quando vislumbramos, de facto, a realidade apenas fica o desassossego...
Beijo
Paulo Sempre