quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Existem

Pintura de Charlotte Atkinson


Existem momentos
que parecem um dia sem noite
ou noite sem dia.
São momentos serenos em que o tempo sorri
e a alma implora.

Porque, nesses momentos,
nascem dentro de nós
gestos carinhosos,
o calor de uma atenção,
uma pequena afirmação
"estou aqui"
à alma que precisa de um refúgio
e (re) conhecer a mão que a afaga,
mesmo que não a possa ver.

Nessa comunhão,
por vezes silenciosa,
temos a certeza de não estarmos sós.

Porque o silêncio
não gosta de ser interrompido,
excepto pelos sons da natureza
ou ainda por aquele momento mágico
que não nos é indiferente.




FELIZ ANO NOVO



Ouvir o poema na voz de 
Luís Gaspar
(Desligar p.f. a música de fundo para ouvir o poema)

11 comentários:

Peter disse...

É um poema que mexe muito comigo ...

Unknown disse...

O silencio não gosta de ser interrompido...nele viajamos...nos encontramos...no silêncio rimos e choramos...
um abraço e um 2007 com momentos de silêncio interrompidos com alegria...
um abraço
brisa de palavras

Anónimo disse...

Obrigado, menina, pela renovada bondade das suas visitas. Lá os meus textos ficam sempre felizes. Eu por mim, já sabe, fico se quem os ler ficar.

A todos os que conheça, ou mesmo, ou sobretudo, àqueles que não conhece - a todos -, uma boa passagem, e uma passagem pela Bondade

do Início.

Olga disse...

«...temos a certeza de não estarmos sós.»
Acredito que não estamos sós neste mundo, mas isso não impede que muitos de nós se sintam sós! Por isso, o meu desejo para o novo ano é que todas as almas não se sintam sozinhas ou abandonadas.Desejo que sintam que têm alguém a acompanhá-las, que sintam que têm uma «mão que a(s) afaga.»

Bom ano!

Maria Carvalho disse...

Mais um poema maravilhoso!! Adorei! Bom Ano de 2007 para ti. Beijinhos.

Samantar Mohi disse...

Brutal!!! Realmente o silêncio é aquele tema elixir de quem pára, pensa e, a sós, escreve...está inerente a nós mesmos e a qualquer das nossas recriações mais profundas...é ele o veiculo para os nossos recantos da alma mais obscuros e desconhecidos...é no silêncio que nos descobrimos a nú das vestes impostas pelo nosso mundo dita(dor)...fantástico o silêncio e o poema que em que tu o relembras...gostei!

Deixo um estrato duma letra duma música que com barulho deu vida ao silêncio apartir do silêncio que o originou...

"Lyrics for "Silêncio" feat Samantar Mohi & Fana

Fánà:

o obscuro rebuscado e escondido lá no fundo
um muro fragilizado que o separa do teu mundo
o escuro e desprezado cada um se faz de surdo
nao ouve a voz profunda que surge a qualquer segundo
a voz é ultrapassada pela mente atarefada
desprezada ignorada pela ocupaçao cerrada
e a através da distracçao que ela é silenciada
permanece recalcada quando a julgam refutada
usada com frequencia a esperada afluência
ocupaçao relaçao que ganhaste por experiência
é esta a defesa que tu usas por excelência
para ignorares a voz que te assombra a consciencia
assim te refugias... ludibrias o instinto
assim como querias.... fugias do labirinto
quadro trancendental que com a caneta pinto
a tinta nominal torna o comum distinto
no nada no silêncio ouves a tua voz
na expressão torrencial do animal que há em nós
fatal consequência de nos sentirmos sós
vital insuficiência conduz esta vida atroz
o copo quase cheio acaba por transbordar
os pós que acumulas um dia vão se levantar
o nosso lado obscuro ninguém poderá negar
e através do silencio que ele se irá revelar
passar quebrar assim a tua frágil divisão
ao deixar de fomentares assim a sublimação
esquece organização sente a tua verdade
permanece em conecçao na expressão da ansiedade
nas esperanças que lanças afianças futilidade
nas danças em que te cansas esqueces a realidade
já pensaste porventura nao és o que necessitas
em contraste encontraste que és aquilo que evitas...

Fánà & Samantar Mohi:

Faça-se um silêncio
fintemos as palavras,
encondemo-nos nas palavras
para fugir ao silêncio,
estranhamos o silêncio
na falsidade das palavras,
na multidão de palavras
fica só no silêncio,
se me podes dar palavras
dá-mas...mas em silêncio
à morte das palavras
uns segundos de silêncio

Samantar Mohi:

Quando o mundo se cala
e o silencio se impõe
uma solidão se instala
e o meu ego descompõe...
só e abandonado...
de sons e ruidos carenciado
vejo-me assim desprotejido
um pouco muito desorientado
um quase sempre assustado
sob este ruido silencioso
ou quiça...silencio ruidoso
que me desperta para a alma...
em mim muda e amordaçada;
agora grita sem voz e sem calma
como quem teme ser asfixiada
novamente sufocada e abafada
pela orgia de buzinas e gritarias
que impediam de me ouvir...
eu gritava mas não me ouvia
até que o silêncio se fez sentir,
agora sou eu só para mim
mas ouvir-me é ruim...
agora sou-me sincero
e a sinceridade custa
e é por isso...
que ao mero silêncio mero
o Homem não se ajusta...
é duma lucidez que assusta
na robusta verdade que ofusca,
pois o silêncio fecha-nos ao mundo
e abre-nos ao que nos é mais profundo,
é uma janela que se abre para a alma
e que em desespero tentamos fechar
sobrepondo aos ensurdecedores traumas
barulhos que não nos deixam escutar.

Fánà & Samantar Mohi:

Faça-se um silêncio
fintemos as palavras,
encondemo-nos nas palavras
para fugir ao silêncio,
estranhamos o silêncio
na falsidade das palavras,
na multidão de palavras
fica só no silêncio,
se me podes dar palavras
dá-mas...mas em silêncio
à morte das palavras
uns segundos de silêncio

PS: Podem ouvi-la em www.myspace.com/samantarmohi

Boas entradas...

Luis Eme disse...

Um excelente Ano Novo para ti... e não desistas de "postar" poesia da boa.

MAH-TRETAS disse...

MENINA



O tempo vai passando . ao olharmos para trás vemos no fundo do tempo a amargura de todos os dias,

(e num clik do caixote que quase todos temos em nossas casas),

Que o mundo fique mais solidário

mais humano

e que haja sempre MENINA que vá publicando os seu textos , as suas memórias as suas lembranças que nos alimentam a alma.







Para si Otília um beijo grande



Até p´ro ano





Henriques





















FELIZ ANO NOVO!!!

o alquimista disse...

Após em interegno obrigatório chego na saudade e deixo-te um sortilégio para iluminar o caminho até ao Alquimista onde te espero com ternura...

Mágico beijo

Anónimo disse...

Rosa Brava,

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"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro
número e outra vontade de

Acreditar que daqui para frente... tudo vai ser diferente ...!"

Carlos Drummond de Andrade

Um 2007 repleto de coisas boas ...
São os votos da Matilde e Cª!

lena disse...

na magia do silêncio, escutei e li,

foi um momento mágico!

abraço-te carinhosamente e tudo de bom para 20007

lena